O escuro que te ilumina, José Riço Direitinho

Não sei o que esperava de um livro considerado erótico, sendo que em bibliotecas, o erótico é uma expressão muito abrangente. Na verdade não esperava nada. Então, o que obtive? Reminiscências. De outros livros, de outros filmes, que o autor encadeia e transpõe para uma realidade lisboeta, em que um professor universitário de meia-idade dá azo a um corpo renascido, entre uma paixão de janela indiscreta e a desconstrução do sexo enquanto prática social.

É num misto entre registo diarístico e ensaístico que vamos acompanhado este deambular que o leva pela observação do objecto da paixão pela janela, a espera, o consumar e o desfazer, enquanto paralelamente reescreve a sua própria sexualidade, usufruindo do corpo que tardiamente se vê alvo de desejo e disponível para o prazer. Corpo, mente, sedução, amor, sexo, consentimento, perversão, moral, construção social, … Este é um objecto literário intencionalmente não tão simples de classificar. Porque o autor não pretende classificações. Tal como o seu protagonista não é rotulável.

Não sei se gostei ou não do livro, mas sei que gostei de diversas reflexões do narrador. Por exemplo, sobre a relação do corpo, enquanto objecto de não desejo, que raramente vejo abordado com esta precisão. E também sobre arte, imaginação, escrita e as inúmeras referências, que talvez – um destes dias – pesquise.

Revisão: Carlos Pinheiro | Editora: Quetzal | Colecção: língua comum | Local: Lx | Edição/Ano: 1ª , Mai 2018| Impressão: Bloco Gráfico| Págs.: 142 | Capa: IRui Rodrigues | ISBN:  978-989-722-468-3| DL: 439033/18 | Localização: BLX PG 82P-993/DIR (80431951)


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