Há muito que este livro estava debaixo de olho e foi agora
que me dediquei a ele, por ocasião da minha adesão ao Clube de LEytura Próximo
Capítulo.
Este é um livro híbrido que por vezes se torna
desconfortável de percorrer, porque não sabemos bem por que referências nos
havemos de orientar. É algo entre um desabafo de diário, um registo de
memórias, um labo B da história da arte (pessoal e alternativo), uma crónica, uma crítica estética, através
da visão de uma narradora e protagonista, cuja persona se confunde com o que se
sabe da autora. Como eventual ficção, parece sempre ficar aquém, porque não há exactamente
uma história. Há episódios. Já como fonte de reflexão e questionamento sobre a
escrita, a arte e como estas se mesclam na vida para de algum modo a impactar
vale por toda a estranheza.
E são exactamente as questões que este livro me suscitou
que o tornam interessante. Não terão uma resposta única, mas valem pela
reflexão. Algumas dessas questões são: a arte acrescenta-nos? Mas eleva ou
salva-nos? O seu questionar dos limites é benéfico ou maléfico? a arte é
sublime? Então também o são a perversão e dor? O que é uma obra maior? Existe sequer?
Quem é o seu apreciador? A quem tem a capacidade de deslumbrar, comover ou até
transformar?
Este livro lê-se rapidamente e não se esgota em nenhuma
resposta. Apresenta-nos cenas mortas e deixa-nos o papel de colocar as questões
que tenhamos a capacidade de observar nas mesmas. Por isso, acredito que será
um livro ao qual podemos retomar de quando a quando. Talvez variemos então quer
nas questões, quer em eventuais respostas.
Título Original: El Nérvio óptico |
Tradução (a partir do Castelhano): Mª do Carmo Abreu | Editora: D. Quixote | Local: Alfragide |
Edição/Ano: 1ª, fev 2018 | Impressão: Multitipo | Págs.: 167 |
ISBN: 978-972-20-6432-3 | DL: 435688/17 | Localização: BLX OR ROM
ROM-EST GAI (80413679)
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