Uma nova promessa, Nora Roberts


Depois de pegar em vários livros que quero ler, mas aos quais não estava a aderir, resolvi mudar o registo de leitura e peguei neste volume da Nora Roberts. Li-o numas quantas horas e soube-me muito bem voltar a uma straight story. Nora Roberts é uma excelente contadora de histórias e, apesar da fácil leitura, as suas histórias não são simples, nem simplistas. São bem engendradas, demonstram domínio da mecânica da ficção, uma linguagem eficaz e conhecimento de um público especifico e, embora não seja o caso deste livro em especifico, revela uma grande pesquisa. Daí a sua popularidade. Esta é uma safe / feel good story para um público maioritariamente feminino que desejar ler uma história de amor com final feliz e é parte de uma trilogia. Daqui a uns meses não me lembrarei da história, que envolve uma gerente de um hotel de charme e um empreiteiro. Mas isso não é o mais relevante, para o que torna os livros de NR apelativos. Além da segurança para o leitor de que se está a ler um livro cujo final se conhece, importa perceber que os modelos femininos das suas histórias são regra geral mulheres fortes, trabalhadoras, independentes e que têm um projecto de vida do amor romântico. Soa familiar? Pois, são mulheres do nosso tempo. Ok, as personagens são por vezes demasiado perfeitas, mas permitem uma identificação que não se obtêm, por exemplo, numa ficção mais conceptual - em que tudo é esmiuçado e as qualidades, aos fim das contas, não são assim muitas -, ou até noutras vertentes dos livros românticos, como os supostamente históricos ou eternos harlequins e afins, em que os modelos de personagens femininos são atípicos – os primeiros têm mulheres modernas no passado, os segundo modelos ultrapassados de mulheres no presente. 
Para quem tem preconceitos relativamente a uma literatura mais leve, recordemos apenas que todos os formatos têm o seu público e que correspondem a necessidades especificas do mesmo. Logo, não podemos menosprezar, mas antes perceber o que é que determinados formatos e géneros oferecem e a que necessidades dão resposta. Alguns leitores necessitam de ser inquietados, outros necessitam de segurança, alguns não têm qualquer pejo em enfrentar os seus medos, outros necessitam da ilusão para equilibrar os seus dias, uns necessitam de aprender, outros de descansar. Mas quase todos necessitam de horizontes diferentes para os seus dias, independentemente do formato, certo?


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