A repartição é-nos apresentada como
uma sátira dos tempos modernos, que o autor materializa através da
surreal reunião entre um contribuinte devedor e o técnico
responsável pelo seu processo. Além de umas breves descrições,
este texto é sobretudo um enorme diálogo e muitas vezes tive a
sensação de que seria uma interessante peça teatral. Aliás, acho
que funcionaria muito melhor em palco, do que em livro. Porquê?
Porque a referida sátira sabe a pouco relativamente aos temas
escolhidos: amor, corrupção, fidelidade, lealdade. O tom
humorístico retira uma certa profundidade a algumas das ideias
manifestadas. Pelo modo como nos são apresentadas e parece que falta
sempre alguma coisas. E depois a surrealidade da interacção entre os
dois personagens distrai-nos dessas mesmas reflexões. Daí que
considere que o texto se adeqúe a um espectáculo em que entre o
entretenimento se dizem algumas coisas sérias e não num livro em
que, apesar de ser uma sátira, se podia ir mais longe do que o
inusitado escolhido.
Se gostei do livro? Gostei de perceber
a escrita fluída, sem grandes artifícios e imaginativa do autor.
Para o tema e o género propostos, parece-me que este não será o
formato que mais me seduz. Isso não me leva a excluir o autor de
leituras futuras. Aliás, sinto que exactamente o contrário: tenho
de voltar à sua escrita para perceber se realmente é um autor do
meu agrado.
Revisão:
Silvina de Sousa | Editora: desrotina | Local: ... | Edição/Ano: 1ª
out 2017 | Impressão: Multitipo | Págs.: 164 | Capa: Vera Braga|
ISBN: 978-989-99563-8-4 | DL: 431301/17 | Localização: BLX PG
82P-31/FRE
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