Do desconfinamento XII - (re)descobrir o espaço público

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neste período, senti realmente a necessidade de efectuar alguns dos famigerados passeios higiénicos. Tendo-os evitado numa primeira fase, a perspectiva de duração indeterminada para o chamado desconfinamento tornava insustentável não os encetar. Estes passeios, além da vertente física e psicológica, tem tido o benefício de me levar a zonas da minha freguesia - Agualva - que há muito não visitava, (re)descobrindo algum do seu espaço público e as tentativas autárquicas de o reabi(li)tar.

Agualva / Agualva-Cacém / Agualva-Mira sintra / Cacém. Nem sempre é fácil saber qual o nome mais adequado, se o oficial, se o de reconhecimento, se o do local exacto. Fico-me então por Agualva, o meu preferido. 

Durante décadas, foi vítima da construção desenfreada, o que levou a uma enorme densidade populacional e à extinção de muitas áreas que poderiam ser de convívio e usufruto. Há algumas décadas, as autarquias e os governos começaram a tentar inverter muitos crimes urbanísticos que foram feitos e a tentar criar espaços para os seus habitantes usufruirem das suas cidades e freguesias e assim também dar respostas a outros problemas consequentes, como a segurança. É claro que se tornou impossível reverter muitas situações, mas hoje, dentro das muitas condicionantes existentes, é gratificante perceber que se tenta melhorar a experiência de vida nos subúrbios. ainda há muito a fazer? Imenso. Mas voltou-se a apostar na criação de um parque linear e a recuperação de espaços verdes, uma ciclovia paralela à linha férrea, a reabilitação de parques infantis e a aposta em equipamento urbano de ginástica (perdoem-me se não for a nomenclatura correcta), a arte urbana com grafitis espectaculares e agora um Bordalo II (mesmo à porta de casa). 

intervir no espaço público não é fácil. e quando se fez tanta asneira urbanista, recuperar é um processo de resistência, imaginação e necessariamente de aposta diferenciadas. Mas para que este trabalho não se perca é necessário que nós, moradores, o valorizemos e cuidemos. Que nos apropriemos dele. E eu gostaria de ter ainda mais verde, mais espaço de lazer e mais modos de ver a minha freguesia onde sempre cresci e vivi ser um espaço de eleição e perder o estigma que infelizmente se lhe foi colando. Esta tem sido uma oportunidade de ver a ver de uma outra forma. Não toda, mas algumas das suas partes. Sabendo que é um conjunto dinâmico em que uma melhoria puxa por outra e nos compete fazer parte da mesma. então, só a poderia também deixar aqui esse pequeno registo: a minha freguesia está mais bonita e mais aprazível.

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