Ao entrar na sua leitura, o inusitado da trama e o tom rapidamente me conquistaram. Uma velha professora, que se dedica à tradução em parceria de William Blake, reside num pequeno lugarejo de 7 casas, a maioria delas desabitadas nos rigorosos invernos. Neste período, são somente 3 os habitantes do local. Até à morte súbita de um deles, pelo qual a velha professora tem verdadeira aversão, pois é um caçador furtivo e ostensivamente violento com os animais. Mas essa morte torna-se apenas a primeira de uma série de inesperadas mortes nos arredores. Em comum, as vitimas são todas caçadoras e na cabeça da velha a sua morte deve-se a uma vingança dos animais. Será?
Embora o final não seja surpreendente, aliás até eu torcia pelo desfecho apresentado, apreciei bastante a construção da trama e das idiossincrasias desta personagem. Através delas, a autora intrinca temas como a consciência ambiental e os direitos dos animais, a religião, a astrologia e a noção de destino, o isolamento social, a velhice e a demência, o crime e o castigo. O registo entre o gótico nórdico (?) e o caricatural e abstrato como formas de transversalidade, fazem desta uma história que cruza temas sérios de forma bastante apelativa. Para mim.
Tradução do polaco: Teresa Fernandes Swiatkiewicz | Editora: Cavalo de Ferro | Local: Amadora | Edição/Ano: 2019 | Impressão: Artipol| Págs.: 286 | Capa: Wonderstudio | ISBN: 978-989-668-667-3 | DL: 462501/19 | Localização: BLX Bel 82-31/TOK (80447105)
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