Escrita Criativa - Saramaguear

 

Uma característica curiosa da Escrita Criativa é que se pode aproveitar as mais variadas sugestões e inspirações para se treinar e brincar a manipulação da linguagem e da imaginação. Um dos desafios que me foi colocado, foi desenvolver algumas sessões de forma a homenagear e revisitar a obra de José Saramago. Estas sessões ocorrem geralmente nos mês de Novembro, mês do seu aniversário.

Não sendo a maior conhecedora da obra de Saramago, estou gradualmente a ler a sua obra e a pensar em modos como a conjugar e cruzar de forma simples e acessível a quem também não seja conhecedor da mesma. Embora não chegue de forma imediata a um resultado, a verdade é que a determinado momento as peças se conjugam.

Decidi partilhar convosco um pouco da conjugação a que cheguei nesta minha primeira sessão dedicada a Saramago. Teve como base os seguintes livros:

  • Dicionário de Personagens da obra de José Saramago, Salma Ferraz (ed.), Edifurb.

  • O ano de 1993, José Saramago

  • Deste mundo e do outro, crónicas, José Saramago

A partir do dicionário, selecionei um conjunto de 10 personagens - quase todas de obras diferentes e com uma breve descrição - e que assim pudessem ser uma base para os participantes trabalharem. Solicitei que, por sua vez, escolhessem 3 e que criassem um contexto em que as mesmas se encontrassem.

Depois desafiei-os a confrontar essas personagens com um crime. Porquê um crime? Porque em O ano de 1993, Saramago descreve-nos um interrogatório em que “ Os inquiridores fazem um pergunta em cada sessenta minutos vinte e quatro por dia e exigem cinquenta e nove respostas diferentes para cada uma “ (Cap. 4). Estava indecisa sobre que pergunta colocar aos participantes para poderem explorar algumas variantes. Embora não tantas. Entretanto, ao folhear algumas das suas crónicas deparo-me com o seguinte título: “Receita para matar um homem”. E pronto estava decidido. Iríamos ter uma história policial.

Para terminar, e após terem morto quem muito bem queriam e de ter decido quem assassino. Apenas os informei que, afinal, o assassino não era quem julgavam. Então quem seria?

Nota: Após uma manhã divertida a idealizar assassinatos, pedi aos participantes que, em caso de alguma investigação, negássemos qualquer conhecimento uns dos outros.

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