2020: que balanço para um ano adiado?

Chegados à recta final do ano, é habitual fazermos uns quantos balanços. Mas que balanços são possíveis num ano em que quase tudo foi adiado: projetos, objetivos e intenções. Seja a nível profissional, seja pessoal. Não, nem tudo foi negativo. A nível de saúde, o grande motivo de toda esta mudança e imposições, por enquanto, está tudo tranquilo. Houve momentos bons, como em tudo. Houve momentos maus, partidas, situações inesperadas e, a determinada altura, uma grande dificuldade em lidar e gerir todas as contradições deste período, o sentimento de constrangimento constante, as exasperações com as pessoas deste mundo e a incapacidade de perceber perspectivas e orientações. Foi um ano em que tudo pareceu difícil, no sentido em que qualquer situação, que já de si poderia não ser fácil de resolver, ainda se tornou mais complexa.

Não diria que este tenha sido o meu ano horribilis, não. Já tive outros darkest times. Mas também também não foi a minha finest hour. Foi um ano cinzento, desfocado, baço, sombrio. Mas nem sequer chegou a uma apimentada paleta de cinquenta tons. Uns quantos apenas. Não sei quando teremos uma visão mais clara para o futuro ou do que realmente se transformou em nós. E se ao menos fosse apenas uma questão de dioptrias.

Claro que nem todos sentimos o mesmo. Cada um adaptou-se de formas diferentes. Admiro e respeito a quem conseguiu tirar o melhor proveito destas atribulações pandémicas. É extraordinário adaptarmo-nos a novos tempos, quando estes trazem a sensação de evolução. E em todas as alterações que tivemos de adoptar, nem todas foram pelo melhor. A separação, o isolamento, a quebra de contacto e partilha aconteceram. Não há informática e tecnologia que colmate o contacto directo, a dinâmica da presença e, sobretudo, a vontade. Ajudam. Mas não podem ser a solução e talvez seja isso que me custe. O perceber que para a maioria das pessoas esta é uma normalidade aceitável (e até preferível). Espero que a maioria de vós se tenha reinventado pelo melhor. Fico feliz por vós. Quanto a mim, better days will come. E já sabem, encontramo-nos por aí. Já faltou mais! :)

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