Entrei
neste livro sem saber nada dele, nem nenhuma expectativa. Achei o título algo
muito nosso, muito português, e intrigou-me que o titulo original fosse tão
dispare: sonno elefante. Ao desfolha-lo percebi que retratava uma realidade
portuguesa, daí a escolha do título português parecer tão nossa. As paredes têm
ouvidos. Quantos da nossa geração não ouviram constantemente esta expressão? É a
herança de uma ditadura, da falta de liberdade de expressão, da perseguição, opressão
e tortura a que eram votados os cidadãos que tinham opiniões diferentes do
governo e ousavam (ou não) pronuncia-la. Este livro leva-nos até à infame Rua
António Maria Cardoso, sede da PIDE. Um local actualmente transformado em condomínio
de luxo, ou coisa que o valha, mas que encerra em si a memória dos homens e
mulheres que aí foram torturados e mortos. O autor explora assim o concavo
deixado pela sua memória, personificada pela figura do elefante do título
original.
Foi uma leitura
inesperada e grata. Uma leitura que nos faz recuar a período negro da nossa
história e cujos contornos do mundo actual fazem temer um retrocesso. Daí que
seja uma leitura importante, para que a história não seja esquecida.
Título Original: Sonno Elefante |
Tradução: Selena Testolina | Editora: Levoir | Local: ...| Edição/Ano: 2020
| Capa: Silva Designers | Págs.: 110 | ISBN: 978-989-682-855-4 | DL: 467867/20
| Localização: BLX PG 82 BD HI/FRA (80453281)
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