Confinamento 2.0 | Eleições: quem perdeu?

@ Cultura Inquieta

Esta pequena reflexão não se prende com as forças partidárias a quem possamos atribuir uma perda. Haverão analistas mais creditados para o fazer e para elaborar uma leitura na mudança de equilíbrios entre as diversas forças partidárias e os seus representantes. Aqui, apraz-me perceber, enquanto cidadã, e como tal os demais nacionais deste país à beira mar plantado, a minha sensação de perda que se acumula a cada processo eleitoral. O que perdi, o que perdemos, então?

  • um jornalismo que preocupe com o revelar e o debate de ideias dos candidatos, que se preocupe em esclarecer os seus públicos. Em vez disso, vemos uns quantos jornalistas armados em justiceiros e a perder a batalha do debate baixo.

  • Uma identificação com o processo eleitoral. Eu considero o nosso processo válido, embora ache que tenha de ser revisto. Seja em termos de timmings, seja no abrir o leque ao voto eletrónico, sobretudo quando consideramos o voto à distância. Porque, acreditem, e exporei esta situação num post posterior, é demasiado negligenciado e consequentemente desperdiçado. Se prefiro o voto eletrónico, não. Se acho que o temos de considerar e começar a implementar, sim. Mas os tempos do processo, esses sim têm de ser urgentemente reavaliados.

  • A sensação de defesa do interesse público. Há a identificação ideológica que temos em maior ou menor grau com as diversas forças partidárias. Há a identificação que podemos ou não ter com os seus dirigentes e representantes. Mas há, sobretudo, entre a maioria de nós, a falta de sensação de que estes defendam o interesse público. Sinto, sentimos, que o grande objectivo é o resultado eleitoral ou político enquanto forma de perpetuar a manutenção nos circuitos. Mas até que ponto isso é interesse público. Não é. Até que ponto necessitamos que os mesmo actores tenham um papel vitalício no cenário político.

Estas são apenas (penas?) algumas das minhas sensações de perda a cada processo eleitoral, e não só. E penso o que poderei fazer para inverter esta sensação de crescente impotência perante a dinâmica política. Seja que não me interessa enveredar por um percurso partidário. Mas o que posso fazer enquanto cidadã interessada numa democracia participativa e que se saiba adaptar e responder aos tempos? Talvez este seja a questão que todos temos de nos colocar, constantemente. Mas mais do que colocar a questão, temos de começar a pensar em respostas. Respostas concretas, viáveis e ao nosso alcance. Este será com certeza um dos meus exercícios para os próximos dias. Afinal, se eu perco, perdemos todos. Então, está nas minhas mãos evitá-lo.

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