Confinamento 2.0 | Eleições

Este confinamento traz-nos ainda um outro desafio: a realização das eleições presidenciais. Já muita tinta foi gasta nos argumentos a favor do adiamento das mesmas e outra tanta na explicação legal da sua manutenção. Chegados a este ponto, resta-nos, como sempre fazer o melhor possível.
Há criticas a fazer aos decisores e instituições que regulam e gerem o processo eleitoral? Há. Podiam ser precavidas muitas situações? Sim. Procuradas outras alternativas? Claro. Mas como já disse, chegados a este ponto, temos, enquanto indivíduos e cidadãos, pesar a nossa consciência e as acções com que a materializamos.

Acredito que haverá bastante abstenção. Muita dela provocada pelo receio real provocado pelo COVID-19. Mas também acredito que muitos apenas utilizarão a pandemia como desculpa. Senão fosse a pandemia, seria o bom tempo, seria porque é ao domingo, porque não calha nada bem e, como já dizia a canção, “vão andando que eu já la vou ter”.

No próximo domingo, irei exercer o meu direito de voto. Porque sempre que dele abdicamos, entregamos o poder de decisão a outros e depois como é que podemos argumentar seja o que for? Já me arrependi do meu sentido de voto? Sim, claro. Já me arrependi de ter votado? Não. Acredito que temos de exercer este direito de sufrágio, ainda por cima directo, de manifestar a nossa posição sobre o nosso futuro colectivo e a gestão deste nosso país, normalmente tão paradoxal.

Dia 24, não só irei exercer o meu direito de voto, como irei contribuir para que outros o façam. Para todos os que vão estar a exercer funções em mesas de voto, será um dia complexo. Normalmente é um dia cansativo mas não difícil. Desta vez, e como medidas de prevenção, teremos de o fazer devidamente equipados com luvas, máscara e viseira e teremos de proceder a desinfecção continua com álcool gel. Como devem calcular, tornará o processo mais cansativo. Inevitavelmente, o processo será também mais lento e com isso virão críticas, reclamações, o mau estar e alguma falta de educação. O que gostaria de pedir a todos é um pouco de compreensão. Votar não é o mesmo que estar na fila de uma loja de roupa. Por isso, percebam bem as vossas prioridades e ajam em conformidade. Votem e mesmo que nem tudo corra da forma ideal, lembrem-se que domingo todos estaremos a dar o nosso melhor para que tudo corra o melhor possível. Será uma eleição fisicamente desconfortável para todos. Também nós que estaremos nas mesas temos receios. Mas acreditamos sobretudo na importância do processo eleitoral e por isso nesse dia abdicamos de ficar em casa. Em prol de todos.

Por isso, deixo aqui um pedido singelo. Dia 24, votem. Votem em conformidade com as vossas crenças, ideais e simpatias. Votem, cientes da importância dos vossos gestos. Votem, e percebam que estas não serão umas eleições fáceis para ninguém. Nem para vós, nem para quem recebe o vosso voto, nem para as equipas das juntas de freguesias que têm de colocar em prática as condições e a organização necessárias para que as eleições decorram. Votem, e calma. Haverá outras oportunidades de mostrarem o vosso descontentamento e de apresentarem as vossas propostas de solução. Ah, espera, isso já dá muito trabalho, não é?

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