Quantas estrelas vale um livro?

Não é habitual não gostar de um livro, mas de quando em quando lá acontece. E porque é que não gosto de um livro?

Regra geral, há dois factores primordiais: um, não de identificar, o outro, não lhe reconhecer mérito técnico. Mas, regra geral, o primeiro factor pode ser apenas circunstancial. Ou seja, posso não me identificar com aquele livro naquele momento, mas posso já ter identificado ou ainda vir a compreende-lo no futuro. Afinal, somos também, ou sobretudo, as nossas circunstâncias.

Já o segundo factor, não dependerá tanto das minhas circunstâncias, mas do engenho do seu autor. E, enquanto leitora, já angariei experiência para discernir qual a mensagem de um autor e o modo como este a constrói. Então, quando não aprecio um livro é porque são casos em que o autor não foi capaz de me transmitir uma mensagem de forma eficaz.

Durante muitos anos, e tento não fazer esse pensamento, nunca pensei nos livros em termos de gosto ou não gosto. Mas sim em termos de o que é que determinado livro me dá, mesmo quando a experiência não é exatamente positiva e a minha apreciação se resume a: é assim que não se deve escrever um livro.

Ora, no ano transacto, finalmente comecei a explorar as valências da plataforma GoodReads, que nos convida, não só a fazer uma apreciação escrita sobre as nossas leituras, como a classifica-las segundos um sistema de 1 a 5 estrelas. E embora a nossa apreciação possa ser alterada, e já o fiz, levou-me a sintetizar o que para mim valem essas estrelas e é essa síntese que quero aqui partilhar convosco. Então, vamos lá:

☆ (1 estrela) – Não contribui nada ao mundo e a sua inexistência seria igualmente benéfica.

☆ (2 estrelas) – Vale enquanto exercício de escrita, mas justifica a publicação?

☆ (3 estrelas) – não possui nenhum erro crasso, mas também não possui nenhum rasgo de originalidade.

☆ (4 estrelas) – Está bem escrito, bem engendrado, mas, por algum motivo, não me encheu as medidas todas.

☆ (5 estrelas) – Adorei e não há nada a apontar, em termos de intenção e sua concretização.

Na verdade, é muito raro não gostar de um livro e, regra geral, acho sempre meritório que o seu autor tenha tido a disciplina de o conseguir fazer. Tenho sempre a esperança que esse exercício tenha pelo menos a vantagem de ter feito o seu autor melhorar e que num próximo exercício o resultado seja atingido.

Eu quero gostar do que leio. E quando isso não acontece, e como a minha apreciação vale o que vale, não costumo manifestar grandemente o meu desagrado. Afinal, sei lá em que processo de crescimento artístico e pessoal está o seu autor. Quem me diz que este não escreverá um dos meus livros favoritos? É sempre essa a minha esperança.



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