Juventude e livros, juventude nos livros

Nos últimos tempos, tenho ando em leituras destinadas a faixas etárias mais jovens. Como tal, confesso que tinha algumas reservas porque por vezes sinto que já não me identifico com as dificuldades deste período ou, simplesmente, já não recordo, pois ando demasiado concentrada nos afazeres quotidianos. Ou então, a determinada altura, li os livros errados. Pois até gosto muito de falar com jovens e perceber as suas perspetivas menos filtradas pela experiência, responsabilidades e mágoas.

Esta recente incursão tem sido muito positiva. Tenho (re)descoberto que afinal não sou tão adulta como gostaria. Ou, melhor, que o que nos afasta da juventude é realmente muito pouco ou muito menos do que gostaríamos. Temos mais passado é certo. Adquirimos outros filtros, o que nem sempre é positivo, temos outros peso sobre os nossos ombros, mas afinal não estamos tão isentos como isso das mesmas dúvidas ou de dúvidas semelhantes. Continuamos em bolandas com o nosso corpo e a percepção (nossa e alheia) do mesmo, o amor sob as suas mais diversas formas ainda nos tira algumas noites de sono e provoca ansiedade, o futuro profissional divide-se entre o que almejamos e o que nos resignamos, as relações nem sempre são o que parecem mesmo que tenhamos mais ferramentas para as identificar, e tudo continua a ser uma incógnita pela qual temos de navegar.

Por vezes recordo a juventude como um território que de tão longínquo parece já não ter nenhuma ligação com o presente. Ao redescobri-la por através de alguns destes livros, percebi que afinal está só ao dobrar da esquina. E não sei de isso faz de mim uma pessoa imatura (que é o modo como tendencialmente rotulamos a juventude) ou constatei uma vez mais que, sim, continuamos ser absolutos principiantes. 

Comentários