Mais do que um registo
sobre o como lidar com a surdez, retiro deste relato, um testemunho sobre imaginário
infantil, educação parental, educação oficial, privilégio, adaptação,
curiosidade inata, comunicação e
necessidade de integração (socialização), identidade, representatividade e
representação, preconceito, incompreensão, juventude, encontrar um rumo e um
propósito, ultrapassar condicionantes…
A história é quase linear,
a calma criança Emanuelle Laborit é ainda em tenra idade diagnosticada com
surdez e cujos país, na procura do melhor para ela, seguem a ideologia médica e
educativa da época em França. O que se revela desadequado para Emmanuelle, mas
também para as crianças surdas. Como a mesma descreve, só aos 7 anos, quando
tem contacto com a língua gestual, consegue tem consciência de sim e, como tal,
uma identidade. Identidade que advém da
linguagem, da capacidade para processar e exprimir pensamentos, emoções e
sentimentos.
A
autora manifesta a sua revolta por só muito tardiamente os governos franceses
permitirem legalmente o acesso a ferramentas educativas de acordo com as
necessidades da comunidade surda, e sem impor soluções mecânicas tendo em vista
uma “normalização” d@ surd@, que não tem em conta a sua realidade.
A
autora tem também o mérito de saber transmitir a sua experiência e de nos levar
por analogias para podermos perceber a sua perspectiva. Uma delas é exactamente
pelo título, aproveitando a similaridade fonética entre as palavras muette e
mouette, muda e gaivota. Uma gaivota que aprende a voar, mas que para o fazer
contou não só com o seu ímpeto, mas também com os vários gatos e outras
gaivotas que a ajudaram a voar.
Tradução: Ângela Sarmento
| Editora: Caminho | Local: LX | Edição/Ano: 2ª, jun 2000| Impressão: Tipografia
Lousanense | Págs.: 207 | ISBN: 972-21-1328-3 | DL: 148811/00 |
Localização: BLX PG 043483 (00406021)
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