Não sei explicar exactamente porquê, mas sempre senti reticências à leitura do diário de Anne Frank, quase até uma repulsa. Talvez por tudo o que sei sobre a desumanidade da perseguição nazi ser relatada por uma jovem, que, à partida, deveria ter toda a possibilidade de cumprir a sua vida. É verdade que todos nós sabemos por alto a sua experiência, mas uma coisa é saber, outra é ler esse registo.
É verdade
que, talvez há cerca de 10 anos, descobri Primo Levi e essa leitura tão
transformadora poderia ter mudado as minhas reticências. Não mudou. Agora,
entramos num período tão estranho do mundo que, de todo, não me sentia com
capacidade para ler aquele registo de reclusão. Há poucos dias, passou-me pela
mão, uma vez mais, esta novela gráfica, que adapta o diário. E, finalmente, aproximei-me
desta leitura.
Ao
desfolhar o livro, o trabalho gráfico chamou-me a atenção. O modo como me
parecia sintetizar e captar estados de alma desta jovem, forçada a uma situação
de que, só hoje, podemos ter uma percepção. E ainda assim muito longínqua. A
novela gráfica merece ser lida com atenção. E mais atenção merecerá a leitura
do diário original. Penso que, agora que ultrapassei esta resistência, irei finalmente
ter coragem de me dedicar a ele. Dir-vos-ei algo em breve.
Tradução: Elsa vieira | Editora: Porto
Editora | Local: LX | Edição/Ano: jun 2018 | Págs.: 160 | ISBN: 978-972-0-04044-2
| DL: 430355/17 | Localização: BLX Alc 8 BD HI/FOL (80429794)
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