Esta foi mais uma incursão pela obra de autor desconhecido para mim. E para a maioria. Foi o que constatei na última sessão do clube de leitura da biblioteca palácio Galveias, em que o livro Sem Destino foi o mote para dar a volta à obra de Imre Kertész. Um nobel da literatura quase esquecido, como tantos outros.
Sobre o que escreve Kertész? Maioritariamente sobre o
Holocausto, enquanto experiência e enquanto marca identitária. Sobrevivente de
Auschwitz, apesar do mesmo não querer que a sua vida se resuma a essa
experiência marcante, o facto é que a marca não escapa, nem ao olhar dos outros
e, inevitavelmente, nem ao seu. Mas essa não é a sua única marca, uma marca que
se estende à sua forma de viver a judeicidade, que não se enquadra com a
normativa religiosa. E que se estende igualmente à recusa da ditadura comunista
que governou o seu país e o fez emigrar e questionar também a nacionalidade
enquanto fator identitário.
Na sua obra, que reflete sobre várias formas de
identificação, o autor acaba por assumir sobretudo a recusa em se integrar
politica, religiosa, geograficamente e até socialmente no que quer que dele
possam exigir. O autor assume a sua vida como falível e a não conformidade derivada
de opções ora consciente, ora inconscientes, mas quase perto de uma
incompreensível liberdade.
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