Uma das medidas do nosso
trabalho são os números e a visibilidade imediata. Aliás, infelizmente, é a
grande medida. Deixando, ou fazendo esquecer, o impacto e a repercussão a longo
prazo.
Quer-se a divulgação prévia,
mais do que uma vez. Se não, não existe. Quer-se a imagem do(s) momento(s). Se
não, não existe. E a proteção de imagem ou simplesmente a vontade de alguém não
surgir plasmado nas redes sociais que se dane. Quer-se número, quanto maiores,
melhor. Mas esquecemos de aferir o impacto. O que fica depois e muitas vezes só
tem materialização posterior.
Nem sempre divulgo todo o que
faço. Por vezes, uma divulgação inicial confere listas de espera que permite agendar
mais, sem mostrar mais. Raramente fotografo o que faço. Primeiro, porque estou
a fazer e creio que esse não é o meu papel. Depois, porque acho que participar
numa atividade não deve significar exposição externa. Por vezes, falar de
livros é falar de nós, falar de escrita é falar de nós, e só isso já é
exposição mais do que suficiente. E porque o que me importa realmente é o que
fica.
E o que é que fica? O boca a
boca, alguém que vem porque o amigo ou colega sugeriu ou recomendou. O retorno
d@ leitor@ após alguma vicissitude, impedimento ou outras prioridades, porque a
vida impõe-se sempre aos livros. Os livros que circulam a posteriori porque foram
sugeridos, comentados e testemunhados. (Talvez um destes dias me meta a fazer
um cálculo aproximado e meça um impacto concreto.) O e-mail que surge de quando
em quando com uma questão, um pedido de sugestão. A partilha de opiniões e
aprendizagens. O percurso que se faz.
Isso é o que realmente
importa. Mas nem sempre é o que importa para as estruturas, para quem não toma
o tempo para estar. Resistir também é recusar esta tirania da visibilidade. Resistir
é estar e ressoar os livros que lemos.
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