As Maravilhas, Elena Medel

 

Cheguei a este livro através do CL Próximo Capítulo, dinamizado por divers@s editor@s do grupo Leya. Decorre mensalmente e após uma proposta de entre 2 a 4 títulos, somos convidad@s para duas sessões on line. Na primeira, @ editora apresenta a obra selecionada e também as preteridas. Na segunda, além tod@s @s participantes são convidados a partilhara as suas experiências de leitura.

Não sei se ou quando chegaria a este livro se não fosse por este CL, no qual participo esporadicamente, mas do qual gosto de seguir as propostas de leitura.

Este livro relata a história de algumas mulheres de diferentes gerações consecutivas através das quais a autora aborda o que é viver sendo mulher nas franjas da sociedade. É um livro extremamente politico, embora não partidário, retratando como é que – mesmo em gerações diferentes e idealmente com liberdade e direitos diferentes – o papel social da mulher ainda é extramente restringido por inúmeros fatores, sendo o mais óbvio ou o maior condicionante de todos a precariedade financeira.

Maria – empregada de limpeza, Carmen – cozinheira ou ajudante de cozinha, Alicia – empregada de centro comercial. Três mulheres a que a falta de dinheiro vetou o acesso a possíveis futuros e que condiciona o seu presente e cada decisão de monta: desde a sobrevivência imediata, a família, ao casamento, às relações, à maternidade. Aliás, um dos aspectos que mais me aliciou nesta leitura foi a abordagem à desapaixonante maternidade e de alguns dos seus tabus, como o desejo da não maternidade ou das mães que apenas o são biológica ou até funcionalmente. Embora não seja especificamente sobre os papeis de género, é curioso que a única personagem com um instinto e até comportamento mais maternal seja masculina.

Não sendo sempre um livro de leitura rápida – às vezes parece engonhar um pouco -, gostei desta leitura e sei que terá um lugar de destaque em atividades futuras pelo modo como exemplifica como é que, num ambiente de sobrevivência económica, se vive a politica e a ideologia no quotidiano.

Como nota final, fica-me a sensação de que poucos autor@s se dedicam à vida das mulheres de limpeza como matéria de reflexão e politica. Lembro-me de Valter Hugo Mãe e... e... pois, de resto são apenas o que são nas vidas da maioria: paisagem. 

Título Original: Las Maravillas | Tradução: Vasco Gato (do húngaro) | Revisão: Madalena Escourido | Editora: D. Quixote | Local: Alfragide | Edição/Ano: 1ª, set 2021 | Impressão: Guide AG, LDa. | Págs.: 204  | ISBN: 978-972-20-7277-9 | DL: 486427721 | Localização: BLX Cor ROM  ROM-EST  MED (80478590)

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