Autobiografia Não Autorizada, Dulce Maria Cardoso

Começo com uma declaração de interesse: quando crescer, quero escrever como a Dulce. Uma escrita em que tudo parece orgânico e cuja leitura flui, como que traduzindo-nos, leitores, através das suas palavras.

Uma compilação de crónicas não é um livro que se leia de uma vez. É objecto para se ir desfolhando e com ele observar os dias – por vezes identificáveis - observados por outro olhar e como o transitar dos mesmos, ora linear, ora aleatório, nos leva a outras histórias possíveis a um mesmo pano de fundo temporal. Mas dava por mim a querer continuar nas observações de DMC, rendida à sua capacidade de (en)tramar observação social, memória, registo pessoal e literatura. Sempre com uma respiração própria e com fôlego final.

Já com Elite e O retorno no meu percurso de leituras, foi interessante encontrar algumas das alusões ano mesmo e até como a experiência pessoal da autora se metamorfoseou em O Retorno. Ou seja, como por vezes nos servimos da ficção para nos dizermos.

Creio que é um livro a que se pode voltar diversas vezes, sem o o saborear da escrita de DMC se perca. Creio que não terei qualquer reticência a ele voltar para de novo encontrar esta orgânica de escrita que tanto admiro.

Editora: tinta da China | Local: LX | Edição/Ano: 1ª, 2021  | Impressão: Bloco Gráfico, Lda. | Págs.: 230 | Capa: … | ISBN 978-989-671-612-7 | DL: …/21 | Localização: BLX … 82P-94/CAR (80472003)

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