Neste momento, a pouca ficção de JB que ainda não li resume-se aos vários
contos dispersos por coletâneas. O que mais aprecio na sua escrita é a capacidade
de se diferenciar de registo para registo, quer em temas, quer em formas. Uma intenção
que a mesma afirma. Por isso, quando entro numa das suas ficções essa é uma das
minhas expetativas: porque caminho não percorrido me levará?
A História de Roma será o mais convencional romance de JB e, não
exatamente por isso, o que permitirá uma identificação com o leitor. Correção,
com as leitoras, independentemente da geração a que pertençam. Já não farei
spoiler nenhum ao salientar que o grande tema do livro é a não maternidade. Poderia
ser a não parentalidade, ou como JB escreve falta ainda vocabulário positivo
para certas escolhas, mas também é sobre as mulheres que recai quase toda a
pressão social para a parentalidade.
Claro que é mais. É o retrato de uma geração que ganhou mundo e não se
consegue prender às convenções das gerações anteriores. É a geração da
mobilidade, da precaridade (mas terá alguma não sido) explicita, e para a qual (teoricamente)
não há limites.
Li este livro quase numa assentada. Que, estranhamente, não me levou
para uma zona de desconforto, mas de reconhecimento. O que não é frequente. Urgia
este livro, urgia este tema para que todas as mulheres cujas vidas não passam
pela maternidade se possam reconhecer e sentir representas. Urgia as questões
que JB coloca para que a sociedade reflita e dê um passo para a não exigência,
para a não pressão. Basta.
Editora:
Caminho | Local: LX | Edição/Ano: 1ª, 2022 | Impressão: Multitipo | Págs.: 308
| Capa: Rui Garrido | ISBN 978-972-21-3171-1
| DL: 502805/22 | Localização: BLX Bel 82P-31/BER (80506284)
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