Esta é a minha segunda incursão pela escrita de VR, a
primeira foi o livro de contos Dez
razões para ser gato há uns anos. A presente leitura, insere-se no desafio
do Lugar de Leitura, em que procuramos conhecer autora/es nacionais contemporâneos.
Este é um daqueles casos em que estamos perante um autor com
uma voz única no nosso panorama. Pelo que me é dado a ver, os seus grandes
temas são as dinâmicas familiares e a vivência contemporânea urbana, com os
seus paradoxos e precariedades. Devido à sua experiência pessoal, a sua obra
reflete sobre questões da saúde mental e das doenças de foro psicológico e é
uma voz crítica para a falta de respostas e de apoios governamentais nesta
área. É também autor de poesia, estando envolvido em vários projetos de
performance poética, e tradutor. É, com certeza, um autor que importa conhecer.
Autismo insere-se na trilogia Paternidades Falhadas. Só isso
nos incita a curiosidade, pois é um tema tão interessante e tão tabu, não é? A história
leva-nos pelo impacto que a desconfiança, o diagnóstico e a doença têm numa dinâmica
familiar, já de si com os seus traumas e – como a quase totalidade das famílias
– incapaz e impreparada para a sua complexidade de consequências. VR não nos dá
respostas, mas constrói uma história de brechas pelas quais não entra necessariamente
a luz, mas que expõem exatamente as fragilidades. Um livro que é um murro, e
que nos leva a querer conhecer as suas demais.
Editora: Abysmo | Edição: 2ª, mar 2017| Local: LX | Págs.:
354 | Capa: Alez Gozblau | Impressão: Rainho e Neves | ISBN: 978-989-97448-6-8 |
D.L.: 423172/17 |Localização: BLX BPG 82P-31/ROM (80416249)
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