Nem sempre
é fácil explicar este processo a quem está de fora ou a quem não nos acompanha
no terreno. Dinamizar uma atividade, na maioria dos casos, é a ponta do
icebergue de um conjunto de tarefas preparatórias que podem ter atrás de si,
além de um conjunto especifico de pesquisa e esquematização, anos de estudo
multidisciplinar.
Como
destrinçar isto? Pelo meu exemplo, dinamizo mensalmente 2 Clubes de Leitura
(com um terceiro a caminho em Fevereiro de ’24), 2 a 3 grupos e/ou sessões de
escrita criativa, 3 grupos de mediação institucional, 1 encontro com autores
(ok, não tem sido todos os meses, mas estamos a tentar que seja a partir de
Janeiro) e vou começar a preparar um novo projeto que estará disponível ao público
a partir de setembro. Credo, até eu fico cansada desta elencagem. ´
O certo
é que cada atividade tem uma preparação diferente. Mas o que todas têm em comum
é que essa preparação resulta já de um acumular de experiência, de estudo
académico, bem como informal e não formal, de muita observação e, sobretudo,
muita curiosidade e empenho em fazer melhor a cada dia. Mesmo quando nem sempre
corre pelo melhor.
Depois,
cada uma tem uma preparação especifica. Por exemplo, é uma sessão de
continuidade ou pontual? Ou seja, posso ou não repetir algo que já tenha feito
anteriormente? Tenho o mesmo público ou não? Ou seja, devo ou não acrescentar
algo mais? É uma sessão sobre um tema novo ou algo que já estudei
anteriormente? Ou seja, como já me aconteceu, sentir necessidade de fazer diversas
leituras, o que equivaleu a seis meses de preparação prévia. Só para
sustentação de leituras e domínio mínimo dos vocabulários.
Por
exemplo, ao dinamizar um Clube de Leitura, o livro/autor/a já me são conhecidos
e posso reutilizar uma pesquisa anterior ou é uma nova leitura/pesquisa? Se necessitar
de ler um livro pela primeira vez, isso pode implicar uma média de 10 horas de
leitura da obra, 2 a 3 de pesquisa, mais outra 2 a 3 de síntese e organização
de informação. Mas este computo, simplista, não engloba o tempo de experiência
e de diversas formações que me ajudam a gerir a sessão e os seus participantes propriamente
ditos. Mas se falarmos de um encontro com autor/a, a preparação já é totalmente
diferente. Pode implicar a leitura de, pelo menos duas obras – uma inicial e
outra mais recente -, a pesquisa mais apurada de outras entrevistas e
perspetivas, um alinhamento e guião diferentes. Mas sabem o que me custa mais
neste tipo de atividade? A logística. Pensar quem convidar, aguardar resposta,
conciliar disponibilidades, articular comunicação, articular questões
financeiras quando as há, ter de resolver impedimentos de última hora. Sim, por
que, regra geral, fazemos o processo todo.
Quando
me perguntam quanto tempo necessito para preparar uma atividade, raramente sei
responder com exatidão. Não é algo fácil de computar. Mas uma coisa vos digo,
ocupa muito mais do nosso tempo do que à primeira vista possa parecer. E como à
primeira vista não parece, é muito fácil ser desvalorizada esta preparação. Não
podemos é nós, mediadores/dinamizadores, desvaloriza-la, quando sob pressão. Uma
coisa vos garanto, cada vez cedo menos a pressões.
Comentários
Enviar um comentário