Ler em português do Brasil é fácil ou inibidor?

 

O português não é uma língua una, nem no nosso espaço geográfico, nem dos países que o falam e têm como língua oficial. Qualquer língua se transforma e evolui via a sua utilização. Neste caso, uma utilização por mais de 260 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, tornando a língua permeável a culturas e línguas locais, às suas diásporas e às idiossincrasias dos seus falantes.

Em Portugal, há muito o culto de propriedade da língua, como tal, de nos atermos como falante padrão. Esquecemos as nossas próprias diferenças geográficas, seja de vocabulário, de construção frásica e contexto cultural. Enfim, regra geral, somos tradicionalistas na abordagem da língua. Mesmo que, na prática, sejamos exímios nos famosos “pontapés na gramática”.

As poucas práticas de consumo de outras formas de expressão da língua não nos permite ultrapassar estranhezas e, muitas vezes, barreiras. Mas, como tudo o resto, é um treino, uma aprendizagem. Eu gosto de o fazer com alguma regularidade. Sobretudo porque gosto de descobrir novas nuances desta ferramenta de comunicação e de perceber a criatividade e adaptação da mesma às transformações sociais.

Para quem se quer ambientar às diversas variantes de PT, seja BR, ou não, não há outra forma senão a de se expor. Vendo televisão, cinema, lendo, ouvindo conversas na rua e música, muita música. No que me diz respeito, na área da leitura, deixo como sugestão de iniciação texto humorísticos, crónicas de jornal e, eventualmente, poesia. Até alguns textos mais académicos ou ensaísticos, pois, em geral, há uma utilização mais padronizada e tradicional da língua. Quanto à ficção, há que ter em atenção, talvez através de uma sinopse (que vale o que vale), se o texto possui gíria especifica ou não. É de salientar que certos géneros – ou estilos de autores - são mais permeáveis a esta situação. Depois, nunca descurar um dicionário (on line) que podemos consultar em simultâneo. Ou não. Também é interessante tentar perceber o significada pelo contexto.

Seja como for, leiam autores de outras expressões. Dá-nos uma abertura de horizontes e ginástica linguística.

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