A Odisseia de Penélope, Margaret Atwood

 


Há algum tempo que tinha curiosidade sobre este pequeno volume. Primeiro, porque ainda não tinha livro nada de MArgaret Atwood e era uma lacuna. Depois, porque gosto de diferentes perspetivas às histórias canónicas. Especialmente, quando as personagens e vozes femininas são muitas vezes cenário ou funcionais em relação aos protagonistas.

A odisseia de Penélope é uma confissão desassombrada sobre uma criança não desejada e vitima de tentativa de infanticídio, de uma jovem inexperiente vetada a um casamento arranjado, no qual não é devidamente aceite e respeitada na casa do novo marido, de uma esposa que aprecia o marido mas que se sabe não apreciada da mesma forma, de uma mãe desprezada e desvalorizada pelo filho, de uma mulher pretendida por vários homens apenas como caminho para um espólio e um reino, uma mulher cujo único poder são as poucas estratégias de defesas e que passam pela deliberada sabotagem de um projeto de tecelagem.

Atwood demonstra uma grande pesquisa do cânone e outros textos e dá-nos um retrato muito completo de multidimensional desta mulher com quem criamos empatia e nos identificamos em diversos momentos.

Numa outra nota, esta é uma publicação da Elsinore que tem um catálogo a que gostaria de me dedicar bastante, e que a cada título que leio me dá vontade de continuar a descobrir.

Título original: The Penelopiad | Tradução: Paula reis | Revisão João Miguel Alves | Editora: Elsinore | Local: LX | Edição/Ano: 1º, out 2018 | Impressão: Eigal | Págs.: 160 | ISBN: 978-989-8864-44-4 | DL: 514956/18 | Localização: BLX Marv 82-31/ATW (80508894)

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