Véspera, Carla Madeira

 


Esta é a minha segunda incursão na escrita desta autora, que foi sem dúvida uma das grandes descobertas no ao passado. Logo levava algumas expetativas, que – felizmente – não saíram goradas.

CM tem um grande domínio da narrativa e, tal como em Tudo é Rio, apresenta-nos dois eixos temporais diferentes que cruzam. Uma forma de explorar o conceito base do romance: é possível identificar o momento em a tragédia é desencadilhada? Sendo que o momento do acontecimento pode ter um gatilho imediatamente anterior, mas esse gatilho (ou a arma a que pertence) há muito que está em movimento latente.

Com esta ideia, a autora – através da história familiar de dois irmãos gémeos Abel e Caim (o peso do nome, certo? – explora as dinâmicas familiares, as parentalidades imperfeitas, o peso e expetativas sociais sobre estas mesmas relações e a incapacidade de identificar, logo, de romper ciclos. Tudo isto embrulhado pelo peso da culpa de origem judaico-cristã.

Que mais vos posso dizer? Que voltarei à obra de Carla Madeira em breve.   


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