Esta é a minha segunda incursão na escrita desta autora, que
foi sem dúvida uma das grandes descobertas no ao passado. Logo levava algumas
expetativas, que – felizmente – não saíram goradas.
CM tem um grande domínio da narrativa e, tal como em Tudo é
Rio, apresenta-nos dois eixos temporais diferentes que cruzam. Uma forma de
explorar o conceito base do romance: é possível identificar o momento em a
tragédia é desencadilhada? Sendo que o momento do acontecimento pode ter um
gatilho imediatamente anterior, mas esse gatilho (ou a arma a que pertence) há
muito que está em movimento latente.
Com esta ideia, a autora – através da história familiar de dois
irmãos gémeos Abel e Caim (o peso do nome, certo? – explora as dinâmicas familiares,
as parentalidades imperfeitas, o peso e expetativas sociais sobre estas mesmas relações
e a incapacidade de identificar, logo, de romper ciclos. Tudo isto embrulhado pelo
peso da culpa de origem judaico-cristã.
Que mais vos posso dizer? Que voltarei à obra de Carla Madeira
em breve.
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