Mullerzinhas, Louisa May Alcott

 


Esta foi talvez uma das minhas leituras mais condicionadas pelo seu contexto. Se na minha juventude tinha lido uma adaptação do Circulo de Leitores da qual nada lembro, pelo contrário, tenho muito presente algumas das adaptações ao cinema da mesma. Tanto que o meu casting mental era uma amálgama.

Assim, esta é a minha primeira leitura oficial deste clássico que continua a despertar curiosidade e tem edições consecutivas para os mais diversos gostos: adaptada a diversos públicos, por editoras para públicos diversos. O que continua, geração após geração, claro, muito influenciadas pelas recorrentes adaptações cinematográficas (até ao momento, 7 em cerca de 100 anos), a ser atraente nesta história?

Outro elemento relevante no meu atual contexto de leitura, foi a leitura alguns dias antes de Orgulho e Preconceito, com o qual foi impossível não tecer comparações. Quais as semelhanças e quais as diferenças? As semelhanças, claro, o conjunto diversos de irmãs, o papel da mulher, as suas expetativas sociais e a sua educação. Um tema transversal é definitivamente o modo como as mulheres são educadas consoante o seu estatuto social e as suas eventuais perspetivas: lady, dona de casa, perceptora. Tudo o resto nem é bem considerado como tema ou reflexão. Afinal, as hierarquias socais são bastante vincadas na sociedade inglesa e isso mesmo é alvo de uma certa critica neste livro americano publicado em 1868, cerca de 55 anos depois de Orgulho, e num contexto politico diferente de Guerra Civil e necessária maior autonomia das mulheres e famílias que permanecem.

Do ponto de vista literário, considero Orgulho mais rico. Mulherzinhas parece em vários momentos panfletário, com uma apologia do trabalho e de moral, advogando uma pureza de carater para as suas personagens quase idealizado. Resticios de patriarcado que quer as suas mulheres trabalhadoras e contribuidoras para o esforço de guerra, mas ainda assim puras e recatadas? Ainda assim, há uma voz (Jo) que advoga que uma mulher para se realizar, não precisa de o fazer pelo casamento. Uma personagem que está na base de tantas peripécias que fazem com a história permaneça nas nossas mentes.

Há aqui um outro ponto interessante que só ao ler Mulherzinhas me dei conta. As adaptações normalmente unem este livro à continuação Boas Esposas. Afinal, Alcott já era percussora dos livros em série, seja por vontade própria, seja por curiosidade do público. Claro que agora sinto que tenho de ler este segundo título para completar as referências que tenho.   

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