O
meu primeiro cabelo literário foi o cabelo ruivo de Do Amor de outros Demónios,
de Gabriel Garcia Marquez. Um cabelo feminino que nem a morte consegue impedir
de continuar a florescer. Depois, seguiram-se as diabruras da Anna do Frontão
Verde. E a tónica destas histórias díspares está no impacto que uma cor de cabelo
diferente tem na percepção do individuo pelo outro e de si mesmo. Ou seja, qual
o papel da diferença para definir o modo como nos vêem/vemos e a nossa
identidade.
Identidade
é também o tema d’Esse cabelo. Identidade construída a partir da herança
genética e da construção social e cultural que erigimos para a atenuar,
evidenciar ou até obliterar. A importância do cabelo na construção da
identidade pessoal e social de uma mulher é intransponível. Devendo-se parte
dessa relevância ao facto de ser o seu elemento físico mais fácil e passivelmente
transformável.
Para
mim, a premissa do livro não se cumpre plenamente. Talvez porque, ao centrar-se
única e exclusivamente no cabelo, parece excluir tanto outro elemento identitário
de conformação e confrontação com a sociedade em que nos inserimos. No entanto,
é um interessante relato de uma geração, que vem acrescentar uma perspectiva e entroncar
num conjunto de livros (tais como A
Gorda, Hoje
estarás comigo no paraíso e O Retorno) sobre o passado recente do nosso
país e dos seus habitantes.
Edição: Mª do Rosário Pedreira |
Editora: Teorema | Colecção: | Local: Alfragide | Edição/Ano: 3ª, abr 2016 |
Impressão: Cia Editora do Minho, SA | Págs.: 156 | Capa: Rui Garrido |
Ilustrações: 2 fotos | ISBN: 978-972-47-5038-5 | DL: 407717/16 |
Localização: BLX Oli OUT-GEN-EST ALM (80366543)
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